Prefeito de Pontalina é afastado temporariamente pela Justiça suspeito de usar fábrica municipal para produzir estacas para a fazenda dele
13/05/2025
(Foto: Reprodução) Segundo a denúncia, Edson de Faria pediu a produção de 1,5 mil mourões, avaliados em torno de R$ 150 mil. Defesa do prefeito nega que acusação. Justiça afasta prefeito de Pontalina após MP denunciar que político usou recursos públicos
O prefeito de Pontalina, Edson Guimarães de Faria, do MDB, foi afastado temporariamente, por 90 dias, pela Justiça de Goiás. Ele é suspeito de cometer atos de improbidade administrativa, ao utilizar de bens e mão de obra públicos para produzir mourões para a fazenda dele, com fins particulares, de acordo com o Ministério Público.
A defesa de Edson, ouvida pela TV Anhanguera, informou que irá recorrer da decisão. Segundo a assessoria do prefeito, a decisão liminar que o afastou foi baseada na denúncia de apenas dois vereadores da oposição e os fatos apresentados na denúncia não são verdadeiros.
A administração do município ficará a cargo da vice-prefeita, Joana Darc de Godoi (PP). A Câmara Municipal de Pontalina votou abertura de processo de cassação do prefeito, proposta pelo vereador Renato Cassimiro, do PSDB, nesta segunda-feira (12). A proposição foi rejeitada por sete votos a três.
O g1 Goiás tentou contato com a prefeitura de Pontalina, mas não obteve retorno até a publicação da notícia.
Decisão judicial
A juíza Danila Cláudia Le Sueur Ramaldes acatou pedido do Ministério Público de Goiás, em uma ação civil por improbidade administrativa, que apontou indícios de uso indevido de bens públicos em benefício pessoal pelo prefeito, entre os dias 21 de abril e 7 de maio deste ano.
A partir de denúncias feitas por vereadores do município ao Ministério Público de Goiás (MPGO), o prefeito teria determinado que a fábrica de pré-moldados da prefeitura de Pontalina confeccionasse 1,5 mil mourões de concreto, em horário regular de expediente, para serem instalados na Fazenda Jambreiro, localizada na GO-040, de propriedade de Edson. Os objetos seriam utilizados em uma plantação de 5 mil mudas de pitayas.
Prefeito de Pontalina é afastado por 90 dias, suspeito de improbidade
Reprodução/TV Anhanguera
De acordo com o MPGO, o valor estimado de cada mourão é de R$ 120, o que geraria um enriquecimento ilícito do prefeito no valor de aproximadamente R$ 150 mil.
O promotor de Justiça Danilo Guimarães Lima, titular da Promotoria de Pontalina, explicou que a fábrica de pré-moldados da prefeitura de Pontalina busca produzir vigas, pilares, lajes, calçamentos e estruturas de concreto para construir e reformar praças públicas, escolas, calçadas, meio-fio, postes e demais edificações de caráter público.
Na decisão, Ramaldes acolheu os fundamentos apresentados pelo promotor e ressaltou que não é a primeira vez que o prefeito, no curto período de mandato, iniciado em janeiro deste ano, busca obter vantagem ilícita por meio de bens públicos.
Diante do exposto, a magistrada determinou o afastamento do prefeito por 90 dias, podendo esse prazo ser prorrogado por igual período, sem qualquer prejuízo na remuneração do administrador. A juíza também determinou a busca e apreensão dos mourões na fazenda Jambreiro e na fábrica de pré-moldados da prefeitura.
A defesa do prefeito explicou que a fabricação de postes e manilhas da prefeitura presta serviços aos produtores rurais e à população em geral há mais de 20 anos e todos os materiais para fabricação das estacas foram comprados pelo produtor rural Varês Freitas Faria, filho do prefeito. Por fim, afirmaram que as mudas de pitaya serão doadas à Secretaria Municipal de Agricultura para que outros agricultores possam fazer o cultivo da fruta, gerando renda para o município.