Corpos empilhados e espera de até 10 horas: funcionários denunciam falta de estrutura no Serviço de Verificação de Óbitos de SP
19/05/2025
(Foto: Reprodução) Problema do acúmulo de corpos no SVO ocorre, pelo menos, desde 2024, quando os plantões noturnos foram suspensos e todos os funcionários passaram a atuar apenas durante o dia. USP, responsável pelo serviço, diz que o tempo médio de liberação pode variar. Rabecão, serviço que busca cadáveres em hospitais e casas em SP
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Funcionários do Serviço de Verificação de Órgãos de São Paulo (SVO), afirmaram que corpos estão levando mais de 10 horas para serem liberados por problemas de estrutura e falta de profissionais para realizar o serviço.
Ainda segundo os relatos, corpos estão sendo deixados por horas dentro de veículos e, em alguns casos, chegam a ser empilhados em uma mesma maca por falta de espaço e equipamentos adequados.
O problema de acúmulo de corpos no SVO ocorre, pelo menos, desde 2024, quando todos os funcionários passaram a trabalhar apenas durante o dia, sem mais plantões noturnos.
"Não há funcionários suficientes. No período da noite, são apenas dois. Faltam macas, e os corpos acabam sendo empilhados em uma mesma maca. Quando os carros com os corpos chegam, não há onde colocá-los. Eles ficam horas no estacionamento, aguardando até que alguma maca seja liberada", disse uma funcionária que preferiu não se identificar.
Corpos empilhados em macas na SVO.
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O SVO é responsável por determinar a causa do óbito de pessoas que morreram de forma natural, sem suspeita de violência. Nesses casos, a perícia médica é fundamental para atestar a causa.
Todo o atendimento que antes era dividido em três turnos, atualmente está concentrado em dois. Isso tem provocado acúmulo de corpos durante a madrugada, que são processados apenas no dia seguinte.
A Universidade de São Paulo (USP), responsável pelo Serviço de Verificação de Óbitos da capital, disse que o tempo médio de liberação pode variar e que a demanda por recebimento de corpos à noite é pequena (veja nota completa abaixo).
Informou ainda que contam com 68 colaboradores, que existem três processos de contratação em andamento e que não é parte dos protocolos haver empilhamentos de corpos.
Entre 2023 e 2024, o número de necropsias realizadas no SVO aumentou 10,99%, segundo dados da própria USP.
Aumento de necropsias.
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O que diz a USP
"Atualmente, o serviço conta com 68 colaboradores, sendo que, nos últimos 12 meses, foram incorporados 6 novos colaboradores para as áreas técnicas estruturais e há 3 processos de contratação em andamento.
Não é parte dos protocolos haver qualquer empilhamento de corpos. Os protocolos estabelecem que os corpos devem ser acondicionados nas macas. Neste caso específico, como não temos acesso à imagem nem à data do ocorrido, não temos como opinar sobre o fato específico.
O armazenamento depende do fluxo e da rotina do serviço. Os casos que serão encaminhados diretamente para os exames de autópsia são acondicionados nas macas e organizados na área técnica de acesso ao salão principal de autópsias (a área técnica toda conta com condicionamento de ar). O armazenamento em câmara fria é indicado e realizado quando a autópsia não acontecerá logo na sequência, como, por exemplo, em casos que chegam durante a madrugada e que serão autopsiados na manhã seguinte.
Em relação às macas, o serviço conta com número suficiente de equipamentos, inclusive com cerca de 25 macas adicionais novas adquiridas em processo de compra há menos de 1 ano.
A jornada de todos os colaboradores é definida conforme as regras estruturais presentes do contrato de trabalho.
Importante ressaltar que, assim como acontece em todos os serviços de saúde, o SVO lida com variações sazonais, com aumento do número de casos que podem acontecer em situações de epidemias, grandes variações climáticas ou outros fatores não controláveis. Para estas situações, o serviço procura estar preparado da melhor forma possível, visando manter seu atendimento à população, particularmente considerando que este é o único serviço deste tipo para atender a todo o município."